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Um repelente social

Um repelente social

                                  



SAÚDE TOTAL

CONVERSAS PSICANALÍTICAS COM O DR. EDUARDO BAUNILHA


                                                     UM REPELENTE SOCIAL

A comunicação é um conduto tão inerente a nós, tão necessário e natural que é difícil entendermos como alguém conseguiria existir sem se comunicar. Isso é tão real que em diversos momentos falamos conosco mesmo.

Mas devemos prestar atenção em algumas formas de comunicação que podem se tornar verdadeiros repelentes sociais. Vamos lá!

A fala, como um processo social, une as pessoas. Mas um psicólogo belga chamado Bernard Rimé decidiu estudar a maneira como as pessoas se comunicam e descobriu que a maioria das pessoas se sentiam impelidas a falarem a respeito de suas emoções negativas e que, quanto mais intensas eram essas emoções, mais elas eram lembradas e, consequentemente contadas. Exceto experiências em que as pessoas se sentiam muito expostas e com vergonha de contar.

Parece óbvio o que lemos acima, mas Bernard Rimé entendeu, a partir da sua pesquisa que, comunicar repetidamente uma experiência negativa, acaba afastando as pessoas do nosso convívio. Vejam só que ironia!

O que o pesquisador sinalizou é que não significa que falar sobre contextos difíceis ou desafiadores afastam todos de nós, mas que pode transformar uma experiência útil em uma negativa. E o que entendemos disso?

É que todos nós temos um limite para a quantidade de desabafos que conseguimos ouvir. E isso tem relação até quando falamos de pessoas que amamos.

O legal de toda essa pesquisa é que nos dá um mote para entendermos o quão importante é sabermos que o nosso organismo tem um limite e que precisa ser respeitado. Quantas vezes ouvimos algumas pessoas dizerem: “Não aguento mais ouvir aquele colega que vira e mexe fala a mesma coisa sempre”. É seu corpo te induzindo a respeitar os seus limites.

E ainda têm aquelas pessoas que falam e não permitem uma interação. Querem falar o tempo todo. Monologamente. Relacionamentos se fortalecem por meio da reciprocidade. Vivenciar monólogos será um desastre e desgastará a relação.

Um estudo feito com adolescentes teve um resultado doloroso: os que são propensos a lamentações são mais solitários, socialmente excluídos e rejeitados, são mais alvo de fofocas e boatos dos colegas e podem até sofrer ameaças de violência. Infelizmente isso também se aplica para adultos.

(Na próxima conversa psicanalítica continuaremos o assunto).

 

Um grande abraço para você!


Instagram: eduardo_baunilha_psicanalista

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