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A gente mira no prazer e acerta no sofrimento

A gente mira no prazer e acerta no sofrimento

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SAÚDE TOTAL

CONVERSAS PSICANALÍTICAS COM O DR. EDUARDO BAUNILHA


A gente mira no prazer e acerta no sofrimento

Já conseguimos entender que buscamos prazer ou prazeres para fugir das dores da vida. Mas precisamos compreender o porquê que quanto mais miramos no prazer, acertamos no sofrimento.

Isso acontece porque o prazer e o sofrimento são processados em regiões sobrepostas no cérebro, ou seja, trabalham via um mecanismo de processo oponente.

E o que isso quer dizer?

Vamos imaginar que exista uma balança em nosso cérebro. Quando estamos vivenciando um momento que nos traz alegria, esta balança que estava nivelada, passa a pender para o lado do prazer.

Todavia, esta balança quer e precisa continuar nivelada. Ela não quer ficar inclinada nem para um lado e nem para o outro. Então o que acontece? Mecanismos autorregulados entram em ação para nivelar os dois lados. Não é um ato consciente. Você não consegue prever, ele simplesmente acontece, como um flash.

Já ouviu falar da homeostase? É um processo que qualquer sistema vivo empreende para manter uma estabilidade fisiológica. No caso do prazer e do sofrimento, nenhum dos dois podem, segundo esses autorreguladores, estar em vantagem.

Então quando um prazer acontece, para a balança ficar nivelada, é necessário um sofrimento para que ela atinja a estabilidade. Ou seja, depois do prazer vem o sofrimento. Simples assim!

Não, definitivamente não é tão simples, pois não queremos sofrer, não desejamos sentir dor. Isso é tão real que dos 5 milhões e 300 mil caixas de remédios vendidos no Brasil, 4 milhões e 100 mil caixas são os denominados de tarja vermelha, preta e os analgésicos. Esses dados são de 2019, divulgados em 2020. Ou seja, nem havia acontecido a pandemia ainda.

Sendo assim, com o aumento da ansiedade e do número de pessoas com depressão, certamente outros números, quando divulgados, terão um aumento significativo e, consequentemente assustador.

O que acontece é que não queremos enfrentar a dor. Ninguém quer. É uma verdade. Então, diante de uma situação angustiante, de um momento sofrido, buscamos prazeres que possam nos ajudar a entorpecer desses contextos.

A má notícia é que, quanto mais fugimos do sofrimento, buscando formas outras de alegria, mais o sistema de autorregulação trabalhará para nivelar a balança. Então, desviar do prazer, é buscar mais sofrimento e, quanto mais isso acontece, mais o sofrimento torna-se duradouro, persistente e presente.

A saída? É o enfrentamento pela busca do autoconhecimento. Entender o porquê que quero fugir das dores e não atravessá-las. Para tanto uma boa análise torna-se uma boa dica para todos nós. Um investimento que pode valer por milhões. E não digo na questão do gasto, mas do ganho com a alegria que sobrevirá à vida.

Um fortíssimo abraço para você!


Instagram: baunilha 45 e S48M7

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