CONVERSAS PSICANALÍTICAS COM O DR. EDUARDO BAUNILHA
Por trás da mente de um iconoclasta
Quando pensamos em imaginação nos remetemos às criações artísticas como cinema, pintura, escultura e tantas outras gravadas em nosso inconsciente. Todavia, para a neurociência, a imaginação “surge com os mesmos circuitos neurais usados para perceber objetos reais”, relata Gregory Berns.
Evidentemente que esta imaginação está atrelada as nossas experiências passadas, nossos convívios pretéritos. O interessante é que não adianta forçarmos para tentar criar, mas romper com o ciclos da categorização, o que significa que necessitamos de novas experiências para termos uma mente iconoclasta. E não precisa ser algo de outro mundo viver tais novidades.
Isso aconteceu com o iconoclasta Branch Rickey, que empregou Jackie Robinson, num período extremamente difícil para romper com a dificuldade em contratar jogadores negros em um time de beisebol. Na verdade havia uma guerra conceitual que, na verdade, impulsionou Rickey a agir de maneira diferente de todos.
Ele entendia que sua ação seria importante para diminuir a segregação e, ao mesmo tempo, dar oportunidades para grandes esportistas aparecerem no cenário nacional e, mais ainda, ganhar dinheiro com tudo isso.
Não foi fácil, tudo conspirava contra. Mas Rickey não agiu sem ter um conhecimento prévio de tudo o que estava fazendo. Com uma atitude sábia conseguiu fazer com que os dirigentes contratassem um jogador negro. No entanto esperou o momento propício para a ação. Atitudes de um verdadeiro iconoclasta.
Florence Nightingale mudou sua percepção da morte por ser uma iconoclasta. Estando na Guerra da Criméia, em 1854, a enfermeira percebeu que o que estava matando os soldados não eram os ferimentos, mas as condições ambientais que faziam com que eles adquirissem doenças como febre tifoide e cólera.
Usando sua mente iconoclasta, Florence enviou uma carta para a Rainha Vitória, ilustrando com um gráfico para mostrar o contingente de homens que morriam por causa da questão higiênica dos acampamentos. Talvez tenha sido a primeira pessoa a usar um gráfico em forma de torta para demonstrar um levantamento de dados. Com isso conseguiu mudar sua forma de ver a morte e mudar muitas outras pessoas que estavam a seu redor, diminuindo de forma significativa o número de mortes oriundas de doenças adquiridas por causa de falta de higiene.
O que há por trás da mente destes iconoclastas? Uma sensível percepção combinada com imaginação e, uma vontade urgente de fazer diferente.
Um fortíssimo abraço para você!
Referência:
BERNS, Gregory. O iconoclasta. Trad. Eduardo Rieche. Rio de Janeiro: Best Business, 2009.
Instagram: baunilha45 e S48M7
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