CONVERSAS PSICANALĂTICAS COM O DR. EDUARDO BAUNILHA
O trauma e suas consequĂȘncias
“Aparentemente,
nĂŁo hĂĄ nada que nĂŁo possa acontecer hoje”. Esta frase dita por Mark Twain, nos
coloca de frente com uma realidade que, muitas vezes, nĂŁo queremos encarar:
enquanto estivermos vivos, estaremos suscetĂveis a vivenciarmos situaçÔes que
podem ser dolorosas e suportĂĄveis, ou extremamente angustiantes, quase
insuportĂĄveis. Isso Ă© vida real. Sem filtro ou maquiagens.
Tal
pensar me eleva a outro: para conviver mais pacificamente com os traumas eu
preciso me tornar consciente deles. NĂŁo dĂĄ para fugir, apesar de ser um recurso
utilizado por quase todos nĂłs pela dor que o desespero encerra.
Depois
de um trauma, a vida perde um pouco o sabor e deixamos de realizar atividades
que antes achĂĄvamos prazerosas, pois nos inundamos com pensamentos negativos
sobre nĂłs mesmos e sobre o mundo e/ou pessoas.
Também
não é para menos. Depois de viver uma situação limite, nosso sistema de alerta
ficarĂĄ acionado quase o tempo todo para nos sinalizar de qualquer sinal de
perigo. Assim ficamos hiperativados, com uma sensação de ameaça do tamanho da
ansiedade que a acompanha, como se algo fosse acontecer a qualquer momento.
E,
consequentemente o corpo vai reagir a sua maneira: boca seca, palpitação no
coração, transpiração, problemas gastrointestinais, nåuseas, diarreias
repentinas ou atĂ© dores fĂsicas. Como diante de tudo isso a maioria escolhe
evitar lugares e pessoas, podemos entrar em um estado depressivo, que pode
durar meses ou até mesmo anos.
Segundo
Tracey Shors (2022) existem dois tipos de traumas: o rĂĄpido e temeroso que pode ser exemplificado pela morte de um
ente querido. Um acontecido inesperado, que causa medo, estresse e temor, mas
que dissipa com o tempo. E também tem outro tipo que ela denomina de lento e estressante, que pode ter como
exemplo a pandemia do Covid-19.
EstĂĄvamos
vivendo a vida normalmente atĂ© que ouvimos murmĂșrios de que algo nĂŁo estava
muito bem e, para nossa surpresa, uma pandemia estava assolando o mundo
inteiro, nos isolando do convĂvio com as pessoas e dificultando nossa lida
diĂĄria por causa das consequĂȘncias de sua infecção. Tudo isso causou um
estresse e uma apreensão sem limites. De certa forma, até hoje, mas com uma
intensidade um pouco menor.
Mas
nĂŁo podemos esquecer que, a bem da verdade, quando temos um trauma, os dois
tipos se fazem presentes.
Continuaremos
com o assunto na prĂłxima semana. Entenderemos o que o trauma faz com o nosso
cérebro.
Um
fortĂssimo abraço para vocĂȘ!
ReferĂȘncia:
SHORS,
Tracey. Os traumas do dia a dia.
Trad. Sandra Pina. SĂŁo Paulo: Editora Melhoramentos, 2022.
Instagram: baunilha45 e s48m7
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